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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

CINEMA - Filme "Como Nossos Pais", Leia e assista ao Trailer;

                             
É injusto - e meio cafona - definir “Como nossos pais” como um filme sobre “os dilemas da supermulher”, embora a própria produção use esses termos. Vencedor de seis Kikitos no Festival de Cinema de Gramado, o quarto longa de Laís Bodanzky ("Bicho de sete cabeças"), que estreia nesta quinta (31), é bem mais do que uma história sobre uma mãe multitarefa.
A raiva e o ressentimento quase sempre presentes nas relações familiares e a transmissão de valores conservadores de gênero entre pais e filhos - mesmo os mais liberais - também são traduzidos na tela. A narrativa central, sobre as pressões que geram culpa nas mulheres, é uma discussão oportuna e necessária.
É uma pena que, em alguns momentos, essa reflexão seja feita de forma simplista e previsível. Ao retratar um casal em crise, Bodanzky cria Rosa (Maria Ribeiro), uma protagonista feminina marcante, sensível e impressionantemente real. O mesmo não acontece com o marido desleixado Dado (Paulo Vilhena), muitas vezes reduzido a antagonista e, depois, redimido como mágica.

Filme de terror para mulheres

"Como nossos pais" começa como uma espécie de filme de terror feminino. Rosa tem uma vida estressante, lidando praticamente sozinha com duas filhas pré-adolescentes, um trabalho que odeia e a desconfiança da infidelidade do marido. Para piorar, descobre um segredo familiar guardado por anos, que afeta diretamente sua percepção de identidade, e uma doença terminal da mãe, Clarice (Clarisse Abujamra).
Em imagens e sons suavemente estridentes, o filme cria um ambiente perfeito de desgaste. E Maria brilha no papel. Sua protagonista percorre uma inspiradora trajetória de transformação e autoconsciência. No caminho, ela pena para se livrar da culpa de não ter tudo sob controle - a casa, o marido, as filhas, a relação com a mãe e até o amante.

Marido negligente vs. mulher dedicada

Enquanto isso, Dado tem menos profundidade. Começa como desatento, egocêntrico, até meio cruel na relação com a mulher. Nem é preciso assistir às cenas para saber que, quando ele precisa cuidar sozinho das filhas durante uma viagem de Rosa, a casa vira uma bagunça e as meninas chegam atrasadas na escola.
Embora possa encontrar muitos paralelos na realidade, o clichê do marido negligente versus a mulher dedicada empobrece o conflito do casal. A falta de complexidade não se repete em outros eixos da história, melhor elaborados.
A dualidade entre afeto e mágoa presente na relação entre Rosa e a mãe é especialmente bem construída. O pai (ou um dos pais), Homero (Jorge Mautner), é ao mesmo tempo doce, divertido e problemático. E há Caru (Antônia Baudouin), uma adolescente moderninha que produz boas cenas de conflito de gerações, com humor sutil.
Fonte: G1

                 

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