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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Coluna: Cultura do Nordeste - Por Lucélio Marques: COMIDA NORDESTINA


Falar de comida nordestina é falar de uma das riquezas mais famosas do mundo. É abrir o peito de orgulho e alegria por saber que produzimos o “manjar dos deuses” no conceito de muita gente. Eita que fome danada que me dá quando chego da roça, depois de uma manhã de trabalho pesado, no cabo da enxada e no terreiro de chão duro! Aquele cheirinho gostoso de feijão colhido na roça, que espera seu parceiro para formar a dupla mais famosa do sertão, a dupla que virou até estilo de dança. Para acompanhar esse tão famoso prato nada melhor do que o prazer de deliciar um queijo de qualho bem derretido e que se esparrama em cima do baião.
            Quando chego na casa de dona Mariinha ela vem toda prosa pro meu lado e vem logo me oferecendo uma caneca de aluá uma cuia cheia de paçoca. Não consigo resistir e vou logo me aprochegando na mesa. Puxo o tamborete e como até o buxo ficar perto de estourar. De repente vem Rosinha chegando com um tigela de rapadura e uma caneca de água do pote. Agora o serviço tá completo, matei a fome, me deliciei com rapadura e fiquei feliz.
            Em dia de santo é dia de fazer comida especial. No terreiro da fazenda tá sendo preparado uma buchada de bode com farinha d’água, um guisado de galinha caipira, macaxeira assada e vatapá bem ardoso. Fico com a boca que nem brasa da fogueira, corro pro pote de aluá e me refresco. Rosinha fica toda prosa quando me vê assim, corre pra cozinha e me trás uma cocada de coco queimado. Fico me deliciando com a cocada e a doçura de seu olhar. Dona Mariinha chega e manda a menina arredar o pé dalí ante que seu Raimundo chegue e veja ela de chamego comigo.
            A meninada tá toda animada. É noite de São João! É dia assar milho na fogueira, batata doce e mungunzá. A pipoca começa a estourar na panela e o cheiro toma conta do terreiro. E mulherada se assanha para começar a festa e comer muita pipoca. Francisco, filho de D. Maroca é esperto e malicioso. Corre pelo oitão da casa e rouba a panela de pipoca pra comer com o melado feito no engenho da fazenda. Dona Mariinha fica tinindo de raiva e sai correndo atrás do moleque que deixa a panela cair e derruba toda pipoca. O povo todo cai na risada e a festa continua.
            Os meninos na praça disputam espaço para vender seus roletes de cana, o algodão doce e a pamonha. Parece que todo mundo tá feliz em se deliciar com nossa culinária. Ninguém consegue resistir à comida nordestina.
            Já dizia o poeta: “Não conheça o estrangeiro sem olhar primeiro as coisas de cá.” E assim a gente vai conquistando nosso povo, os turistas dos outros estados e o resto do mundo. Comida nordestina é original, é caseira e num tem muito balangandã pra enfeitar. É simples e gostosa. Quem não gosta daquele sobejo que fica do almoço e a gente inventa um prato novo pro jantar? Eita que agora me deu fome!
           

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