Falar
de comida nordestina é falar de uma das riquezas mais famosas do mundo. É abrir
o peito de orgulho e alegria por saber que produzimos o “manjar dos deuses” no
conceito de muita gente. Eita que fome danada que me dá quando chego da roça,
depois de uma manhã de trabalho pesado, no cabo da enxada e no terreiro de chão
duro! Aquele cheirinho gostoso de feijão colhido na roça, que espera seu
parceiro para formar a dupla mais famosa do sertão, a dupla que virou até
estilo de dança. Para acompanhar esse tão famoso prato nada melhor do que o
prazer de deliciar um queijo de qualho bem derretido e que se esparrama em cima
do baião.
Quando chego na casa de dona
Mariinha ela vem toda prosa pro meu lado e vem logo me oferecendo uma caneca de
aluá uma cuia cheia de paçoca. Não consigo resistir e vou logo me aprochegando
na mesa. Puxo o tamborete e como até o buxo ficar perto de estourar. De repente
vem Rosinha chegando com um tigela de rapadura e uma caneca de água do pote.
Agora o serviço tá completo, matei a fome, me deliciei com rapadura e fiquei
feliz.
Em dia de santo é dia de fazer
comida especial. No terreiro da fazenda tá sendo preparado uma buchada de bode
com farinha d’água, um guisado de galinha caipira, macaxeira assada e vatapá
bem ardoso. Fico com a boca que nem brasa da fogueira, corro pro pote de aluá e
me refresco. Rosinha fica toda prosa quando me vê assim, corre pra cozinha e me
trás uma cocada de coco queimado. Fico me deliciando com a cocada e a doçura de
seu olhar. Dona Mariinha chega e manda a menina arredar o pé dalí ante que seu
Raimundo chegue e veja ela de chamego comigo.
A meninada tá toda animada. É noite
de São João! É dia assar milho na fogueira, batata doce e mungunzá. A pipoca
começa a estourar na panela e o cheiro toma conta do terreiro. E mulherada se
assanha para começar a festa e comer muita pipoca. Francisco, filho de D.
Maroca é esperto e malicioso. Corre pelo oitão da casa e rouba a panela de
pipoca pra comer com o melado feito no engenho da fazenda. Dona Mariinha fica
tinindo de raiva e sai correndo atrás do moleque que deixa a panela cair e
derruba toda pipoca. O povo todo cai na risada e a festa continua.
Os meninos na praça disputam espaço
para vender seus roletes de cana, o algodão doce e a pamonha. Parece que todo
mundo tá feliz em se deliciar com nossa culinária. Ninguém consegue resistir à
comida nordestina.
Já dizia o poeta: “Não conheça o
estrangeiro sem olhar primeiro as coisas de cá.” E assim a gente vai conquistando
nosso povo, os turistas dos outros estados e o resto do mundo. Comida
nordestina é original, é caseira e num tem muito balangandã pra enfeitar. É
simples e gostosa. Quem não gosta daquele sobejo que fica do almoço e a gente
inventa um prato novo pro jantar? Eita que agora me deu fome!
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